segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Arte como terapia x Arteterapia

    
     Existe uma diferença, que pode ser sutil: são duas faces da mesma moeda.
     A prática ou exercício de qualquer forma de Arte, por si só, pode ter um efeito extremamente terapêutico, na medida em que associa prazer, ludicidade, espontaneidade, ao cotidiano de situações que, via de regra, são desgastantes ou castradoras.
     Como expressão de anseios ou visões inconscientes, como resgate de sentimentos e emoções muito intrínsecas, tanto do indivíduo como da coletividade, a produção de obras artísticas, seja por meio da dança, música, pintura, escultura ou qualquer outra via, pode refletir um desejo inexpresso de realinhar o ambiente exterior com o mundo interno. É um veículo de transformação cultural de sociedades, que emerge espontaneamente quando algum aspecto da essência humana assim o exige.
     Considerando especificamente a área de Saúde, a Medicina alopática que predomina oficialmente em nosso país, bem como a Medicina Antroposófica (outra corrente oficial de prática médica já instituída), já possuem um número significativo de médicos que promovem a implantação de atividades artísticas nas instituições do Sistema de Saúde público e privado. São estimulados os profissionais envolvidos no cuidado de pacientes e disponibilizadas para as pessoas de qualquer idade, que estão sendo submetidas a tratamento.
     Quando se trata do termo Arteterapia, embora os efeitos a nível de tratamento e cura possam ser similares, a diferença está na maneira de concretizar as obras desejadas.
     Se o processo de elaboração da Arte tem como foco a perfeição estética e como instrumento principal, refinadas habilidades técnicas, na Arteterapia o foco é o processo em si mesmo, sendo a  estética do produto final e as habilidades técnicas da pessoa, de pouquíssima relevância no contexto do tratamento.
     A Arteterapia, no sentido mais abrangente da palavra, é a utilização de recursos técnicos das inúmeras modalidades de produção artesanal e/ou artística, com objetivos específicos de mobilizar as forças psíquicas e orgânicas de indivíduos e pequenos grupos, facilitando o reconhecimento e o uso de recursos pessoais para a solução de problemas que transitam em níveis emocional, mental e físico.
     A utilização da Arteterapia é imensamente benéfica em qualquer enfermidade, devendo ser exercida criteriosamente por profissional habilitado.
     O uso da Arte como terapia, embora seja também praticado por médicos ou diversos outros profissionais da área de saúde, é, na prática, aplicado em muito maior escala, sobre qualquer pessoa que se sinta saudável ou não, por profissionais sem nenhuma formação intelectual formal, relativa à promoção da saúde, conhecimento de patologias ou técnicas de tratamento.
     No Brasil, a maioria das instituições ou escolas de Arte executa muito mais funções terapêuticas do que função profissionalizante para seus usuários, em parte devido à cultura equivocada e obsoleta de baixo status e valor mensurável da Arte como profissão, e do artista como profissional.
     Não existem contra-indicações absolutas para o uso da Arteterapia ou de Arte como terapia, sendo conveniente lembrar que Saúde se manifesta quando forças opostas se alternam, se complementam, se unem e se separam, em ciclos intermináveis de equilíbrio dinâmico, propulsionados por forças evolutivas naturais e inatas. “A diferença entre remédio e veneno é apenas a dose".